domingo, 29 de janeiro de 2012

BRASIL DEVE TER SEUS PRÓPRIOS MÉTODOS NO COMBATE AO CRACK.

 
Fonte da foto: Internet

Brasil deve ter seus próprios métodos no combate ao crack.



*Conceição Cinti

Acreditamos que mesmo com o alto índice de aprovação comprovado pelo Datafolha, a atuação da polícia na retirada dos dependentes da cracolândia central, foi uma medida legal, mas inadequada e desnecessária. Nessa “guerra” civil não declarada temos dois “Fronts” principais: enfermos/dependentes e traficantes/narcotraficantes. 

As maiorias das pessoas ainda não têm essa visão coletiva que deveriam ter sobre os calamitosos danos suportados principalmente, pelas crianças e jovens dependentes pobres. Acorda Brasil! Hoje quando a droga não está dentro da nossa casa, é porque ela está fazendo estrago na casa do nosso vizinho! 
A repressão por si só não funcionou nem nos USA, não funciona no Brasil e em lugar nenhum do mundo. Temos sim, que observar as medidas e procedimentos usados pelos demais países, seus resultados e optarmos por soluções próprias para enfrentarmos o uso das drogas licita e ilícitas no Brasil. 
Mas uma coisa salta aos olhos: Há um procedimento universal que deve preceder o tratamento desse segmento de adictos: o acolhimento humanitário! No Estadão de São Paulo, do dia de ontem, 29.02.12 veja a diferença na abordagem aos dependentes em cidades da Europa, como Hamburgo e Frankfurt, que criaram “salas de inalação” para os consumidores, na esperança de reduzir os riscos e, pouco a pouco, substituir a droga. Um funcionário de uma dessas salas em Frankfurt, explicou que esse local foi criado como “isca” para que as autoridades possam atrair os viciados e, a partir do contato e da confiança, estabelecer programas para desintoxicação. É imprescindível o acolhimento em qualquer lugar do mundo. 
Londres, Amsterdã, Zurique e Madri, segundo a mesma fonte (O Estado de São Paulo - Cidades/Metrópoles – correspondente Jamil Chade), estão entre as cidades também afetadas pelo consumo do crack. E lá também as causas do problema são as mesmas do Brasil: estrutural e de base, ou seja, socioeconômica e educacional. Em síntese a pobreza! As maiores vítimas vivem também nas periferias das grandes cidades, nos guetos. São desempregados, sem-teto, e grupos étnicos minoritários. Ainda segundo a mesma fonte, a União Europeia considerava que a questão das drogas fosse um problema que se limitava aos USA e aos países latino-americanos. Entretanto, em seu recente relatório sobre a situação das drogas na Europa, publicado em novembro a U.E. alerta, que em Londres “o uso do crack é considerado como um dos maiores problemas das drogas na cidade”. 
Até hoje nenhum país ousou liberar geral! Na Alemanha onde houve descriminação da maconha para uso próprio há um limite de 3 a 5 gramas por usuário/dia. Pare um pouco para verificar e comparar o espaço territorial do Brasil e o da Alemanha e o número de seus respectivos habitantes, após essa observação verifiquem quem tem mais dificuldades para patrulhar suas fronteiras? 
Será mesmo que liberar o uso da maconha seria a solução para o usuário de drogas no Brasil como ainda desejam alguns? Já sabemos que a maconha, juntamente com o álcool, são os batentes de acesso a drogas mais pesada. Precisamos ser realistas e o Poder Público precisa fazer o que deve ser feito: Políticas Públicas de Prevenção urgente e com inserção sistematicamente nas mídias, e buscar conciliar novos métodos que venham reforçar os tradicionais usados nos tratamentos dos dependentes. Precisamos somar forças, reunir conhecimentos, habilidade, persistência, disciplina, educação restaurativa. É essa somatória de esforços e solidariedade que nos trará o resultado que tanto precisamos e esperamos. Vamos juntos Brasil! 

*Conceição Cinti - Advogada. Educadora. Especialista em dependentes de substâncias psicoativas. Com experiência de mais de 27 anos no tratamento de dependentes. 

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