quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

DESMISTIFICANDO O TRATAMENTO DO CRACK!

Desmistificando o tratamento do Crack! 

 *Conceição Cinti  


Um dos Institutos de Pesquisa de grande confiabilidade, o Datafolha, em recente levantamento detecta que 9 em cada 10 brasileiros concordam com o internamento involuntário ou obrigatório do usuário de crack. De fato são necessários esses procedimentos não apenas pelo avanço da epidemia que assola o país, mas porque não há outra saída para impedir que dependentes sejam assistidos e tratados evitando mais mortes. Porém nesse caso é imprescindível garantir a dignidade e os direitos e garantias individuais dessas pessoas.
Ainda segundo o Datafolha, essa modalidade de internação tem o apoio da maioria dos psiquiatras e o repúdio dos psicólogos. Não sabem ainda os psicólogos que o Brasil nunca precisou tanto da união dessas duas importantes classes de profissionais? 

O assunto é complexo, traz à tona um paciente novo, até recentemente denominado delinquente, o adicto. Também fica claro uma preocupação maior com o dependente de crack. E essa preocupação é plenamente justificável no momento em que esse novo paciente se mostra resistente ao tratamento tradicional que vem sendo usado pelo poder público. 

Apesar de algumas discordâncias estamos evoluindo rumo a uma solução mais adequada a esse grave problema de saúde. A mídia deu visibilidade ao tema como nunca antes fora feito. Graças à abordagem adequada que a mídia tem dado a pessoa do adicto, já se percebe o engajamento de alguns setores da sociedade civil o que sem dúvida vai apressar e contribuir para uma releitura dos velhos procedimentos e quem sabe o surgimento de nova padronização do tratamento desse novo paciente, não confessado, mas pouco familiar a todas as áreas. 

O acolhimento e tratamento do usuário de substâncias psicoativas, em particular do usuário de crack, por parte do poder público, entram em pauta com uma defasagem de mais de 15 anos. Esse tipo de paciente, como já foi dito nesse “espaço”, desde 1976, vem sendo acolhido e tratado pelas instituições sem fins lucrativos, atendendo aos apelos dos próprios dependentes e seus familiares, o fez em razão da falta de políticas públicas de restauração de pessoas. 

Portanto essas instituições pioneiras no acolhimento e tratamento a esses enfermos prestaram um relevante serviço voluntariamente e alcançam até hoje os melhores resultados em restauração de pessoas, e não podem ser rechaçados por vários motivos: Sendo o principal deles a vocação e amor incondicional por pessoas em condições existenciais precárias. É hora de somar esforços para enfrentar essa luta que não tem dono, é de todos! 

Esses valorosos voluntários têm obtido êxito detém nos procedimentos de  abordagens com os dependentes. Na verdade a história do acolhimento e tratamento desse paciente, hoje disputado por outras áreas do conhecimento, outrora, e até bem recentemente, era ignorado e repudiado pela sociedade civil e poder público, sendo essa a razão que contribuiu para a vitimização de todas as classes sociais. 

Às vezes tenho a nítida impressão que para que alguma coisa seja feita em benefício dos mais pobres, é necessário que as pessoas que detém maior poder econômico sejam vitimadas e, a partir desse fato, providências sejam tomadas e delas aproveitem os miseráveis. Será mesmo uma impressão particular distorcida de nossa parte ou esse horror é uma realidade em nossos pais? 

Com experiência de mais de 27 anos nessa área consideramos que a internação involuntária ou obrigatória imprescindível para todos os dependentes de crack.
Dependente é considerada toda pessoa que não tem mais controle sobre si mesmo e passa a viver na subserviência do vicio, sendo o crack dentre as demais substâncias viciantes a mais austera. Desde a iniciação até o desenvolvimento da dependência tudo ocorre velozmente e todo envolvimento com o crack é de alto risco, o que impede que tenhamos condições de utilizarmos com grande margem de acerto a classificação de fase inicial ou aguda do vicio.  
Sem falar que esse tipo de paciente é muito mais resistente a qualquer tipo de abordagem, devido tratar-se de uma droga que por si só exclui o dependente, colocando-o no mais absoluto isolamento. O dependente de crack não consegue parar sozinho porque o crack leva seu usuário a não ter limites, o limite do usuário de crack é o esgotamento físico e nesse compasso vai até a morte. 
Há questões delicadíssimas e que precisam ser administradas quando lidamos com usuários de crack. Usando outras palavras, nem todo usuário de crack é delinquente, mas todo dependente de crack que não tiver recursos financeiros para prover seu vício, é certo que mais rápido do que possamos imaginar irá delinquir para custear seu vicio, vale lembrar que o maior número de dependentes é de pessoas pobres e desempregadas. 

Para manter o vício inicia-se furtando dentro de casa, excluído da família deixa no esquecimento os laços afetivos, e passa a delinquir tornando-se presa fácil do crime organizado para manter o vício. A alteração da personalidade é tão severa que salta rápido do furto simples para o roubo, o assalto e o latrocínio. 

O dependente de crack não tem limite em nada que faz principalmente na capacidade assombrosa de aumentar o consumo da droga em tempo recorde e suportar porções consideradas letais. Quem lida na prática com esse tipo dependente sabe que de 40 a 60 pedras/noite é comum mesmo no início da dependência nesse tipo de usuário. Por essa razão muitos presídios estão abarrotados de pessoas condenadas como pequenos traficantes que na verdade são usuários contumazes, mas que ao deixarem os presídios terão concluído seu mestrado na área do tráfico. 
O dependente de crack nunca busca ajuda e até a dispensa. Seu único objetivo é a busca incessante por mais crack, sem se importar com mais nada, não teme pela própria vida, por essa razão a vida do próximo nunca será um impedimento para que alcance a próxima pedra. Diante desses fatos as internações involuntárias ou obrigatórias se impõem e não há como tratar esse tipo de usuário que não seja no regime de internato. Daremos seguimento a esse assunto. Frequente esse “espaço”! Dê sua opinião!

*Conceição Cinti - Advogada. Educadora. Especialista em dependentes de substâncias psicoativas. Com experiência de mais de 27 anos no tratamento de dependentes. 


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Esta matéria "Desmistificando O Tratamento Do Crack", Foi Veiculada No Site Da TV CARUARU.
Segue Link:




Desmistificando o tratamento do Crack.

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Um dos Institutos de Pesquisa de grande confiabilidade, o Datafolha, em recente levantamento detecta que 9 em cada 10 brasileiros concordam com o internamento involuntário para o usuário de crack. De fato é necessário esse procedimento não apenas pelo avanço da epidemia que assola o país, mas porque não há outra saída para impedir que dependentes More...
by admin | Published 2 dias ago



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